Solo Fértil
A série Solo Fértil surge a partir da vivência de Aline Mac Cord no Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), onde passou a desenvolver uma escuta sensível dos processos naturais e científicos que estruturam nossa relação com o ambiente. A convivência com pesquisadores e o estudo de técnicas botânicas de preservação de espécies despertaram na artista uma nova camada de compreensão sobre a fragilidade da fronteira entre o ser e o espaço.
As obras desta série são feitas com aquarela, pastel, lápis de cor e colagem de exsicatas — fragmentos de plantas desidratadas utilizados há séculos pela ciência — integrados ao gesto pictórico com uma delicadeza que convida à contemplação e ao questionamento. São cerca de 30 trabalhos em formatos pequenos (de 20 x 30 cm a 40 x 60 cm), onde pigmento e matéria vegetal se fundem para revelar a unidade entre o humano e o ecossistema.
Solo Fértil propõe uma reflexão sobre os limites da percepção humana, insensível muitas vezes às realidades que sustentam a própria vida. As cores, os materiais e os títulos das obras estimulam a percepção expandida, trazendo à tona a relatividade de tempo, escala e densidade. Para a artista, não somos meros observadores da natureza: somos parte indissociável de um sistema vivo e em constante evolução.
Fazer arte, aqui, é diluir fronteiras. É lembrar que defender o meio ambiente é defender a nós mesmos — e que individualismo é uma ilusão que nos afasta da inteireza da vida. Solo Fértil é um convite a se reconhecer como ecossistema.
A série já foi apresentada no Museu da Escola Catarinense (MESC), na Galeria Guaçuí do Instituto de Artes e Design da UFJF (Juiz de Fora), na Escola de Belas Artes da UFRJ e na exposição "Brotar", realizada no Recipiente Porongo (RJ).